A música angolana em língua portuguesa apresenta uma rica história que se estende desde os tempos coloniais até a atualidade, sendo marcada por diversos artistas e compositores que contribuíram para a sua evolução. Este texto aborda as diferentes épocas e estilos da música angolana, destacando os principais intérpretes e compositores de cada período.
Inícios e música tradicional
A música angolana teve suas raízes nos ritmos e melodias tradicionais dos povos que habitavam a região. A chegada dos colonizadores portugueses no século XV introduziu novos elementos musicais, como instrumentos e técnicas, que foram assimilados e fundidos com as tradições locais. Nessa época, os artistas e grupos focavam-se na preservação das músicas tradicionais, que eram transmitidas oralmente de geração em geração.
Século XX e o surgimento do semba
O século XX foi crucial para a música angolana, com o surgimento do semba como um estilo musical e de dança. O semba resulta da fusão de ritmos angolanos tradicionais com o lundum e o fado português. Artistas como Teta Lágrimas, Liceu Vieira Dias e o grupo Ngola Ritmos tornaram-se referências no semba durante os anos 1950 e 1960.
Teta Lágrimas | Só e Só e Só
Liceu Vieira Dias | Passo do sangazuza
N’Gola Ritmos | Manazinha
Anos 1970: música de resistência e luta pela independência
Durante os anos 1970, a música angolana adquiriu um caráter político e social, com muitos artistas usando a música como ferramenta de resistência e luta pela independência de Angola. Nesse período, destacam-se artistas como Bonga, Teta Lando e Rui Mingas, que abordavam temas como a luta pela independência e as tradições angolanas. Seguem exemplos, alguns mais recentes, desses cantores em língua portuguesa:
Bonga – Alternância No Poder
Teta Lando | Eu Vou Voltar
Ruy Mingas | Minha Terra
Anos 1980 e 1990: semba, kizomba e kuduro
Nos anos 1980 e 1990, a música angolana ganhou novos estilos e ritmos. O semba continuou sendo popular, com artistas como Carlos Burity destacando-se nessa época. Além disso, a kizomba e o kuduro surgiram como novos gêneros musicais, sendo representados por artistas como Eduardo Paim e Tony Amado.
Carlos Burity | Canção Nostalgia
Eduardo Paim | Rosa Baila
Tony Amado | Ser Minha Mulher
Anos 2000 e a globalização da música angolana
A partir dos anos 2000, a música angolana começou a alcançar um público mais amplo, impulsionada pela globalização e pela disseminação da internet. Nessa época, destacam-se artistas como Anselmo Ralph, que mescla kizomba e R&B, Paulo Flores, que funde semba, kizomba e outros estilos e Selda, conhecida pela sua voz doce e por misturar soul e estilos tradicionas.
Anselmo Ralph | Não Me Toca
Paulo Flores | Jeito Alegre de Chorar
Selda | Morena de Cá
Atualidade: diversidade e inovação
Na atualidade, a música angolana continua a evoluir, com artistas de diferentes gerações explorando novos estilos e colaborações internacionais, ampliando o alcance e a influência da música angolana pelo mundo.
Gêneros como o afro-house, o rap e o hip-hop angolano têm ganhado espaço, com artistas como Eva RapDiva e Prodígio contribuindo para a diversidade e inovação na música angolana. Além disso, Titica tem se destacado como uma das principais vozes da cultura LGBTQ+ em Angola.
Eva Rapdiva | Favela
Prodígio | Última Vez
Titica | Vai Pegar Fogo
Artistas como Aline Frazão e Nástio Mosquito, que misturam estilos como semba, fado e música eletrônica, e Toty Sa’Med, que explora a fusão do semba com o jazz e outros gêneros, também se destacam na cena musical angolana atual.
Aline Frazão | Lugar Vazio
Nástio Mosquito – Comédia da Tragédia
Toty Sa’Med | Maldita
Em resumo, a música angolana em língua portuguesa é rica em história, diversidade e talento, com artistas e compositores que, ao longo das diferentes épocas, têm contribuído para consolidar a identidade e a projeção da música angolana no cenário global. Desde suas raízes tradicionais até os estilos contemporâneos, a música angolana tem sido capaz de se reinventar e se adaptar às mudanças, mantendo-se sempre conectada às suas origens culturais.