Música Moçambicana

Notas Muicais (imagem decorativa)

A música moçambicana possui uma riqueza e diversidade cultural impressionante, fruto da história e da fusão de diferentes tradições e estilos musicais. Desde os primeiros anos da colonização portuguesa até a atualidade, diversos artistas e compositores contribuíram para a construção de uma identidade musical única e característica de Moçambique. 

Nos primeiros anos da colonização portuguesa, a música local foi fortemente influenciada pelos estilos europeus, principalmente pelo fado, uma das maiores expressões musicais de Portugal. Nesse período, a música moçambicana foi marcada por uma intensa fusão de ritmos e instrumentos, combinando elementos africanos com os trazidos pelos colonizadores.

Moçambique é um país multilíngue com várias línguas faladas. O português é a língua oficial, usada em documentos governamentais, educação e comunicação formal. No entanto, a maioria da população também fala línguas autóctones. As línguas locais mais faladas em Moçambique incluem:

Emakhuwa: Falada principalmente na região norte do país, é a língua nativa mais falada em Moçambique.

Xichangana (ou Changana): É bastante comum no sul de Moçambique, particularmente na província de Gaza.

Elomwe: Outra língua nativa importante, falada principalmente na região central e norte.

Cisena: Predominante na região central de Moçambique, na província de Tete.

Echuwabo: Falada na província de Nampula, no norte do país.

Portanto, vale a pena anotar que grande parte da produção musical de Moçambique não se restringe à língua portuguesa.

Décadas de 1950 e 1960 

A partir da década de 1950, a música moçambicana começou a ganhar maior visibilidade, graças ao talento de grandes nomes como Dilon Djindji, Fany Mpfumo e Wazimbo. Dilon Djindji, considerado o “pai da música moçambicana”, se destacou por sua habilidade na guitarra e pelo estilo “marrabenta”, uma fusão de ritmos tradicionais moçambicanos e música latina. Fany Pfumo, por sua vez, ficou conhecido como “o rei da marrabenta” e foi um dos primeiros artistas moçambicanos a fazer sucesso no exterior, enquanto Wazimbo, que começou sua carreira na década de 1960, ficou conhecido como a voz dorada de Moçambique. Como uma forma de resistência cultural frente à colonização, a produção musical dessa época, em sua grande maioria, se encontra em línguas autóctones, como se pode observar nos três exemplos a seguir:

Dilon Djindji | Maria Teresa

Fanny Mpfumo | Georgina

Wazimbo | Nwahulwana

Anos 70: a independência e a afirmação da identidade cultural 

A década de 1970 foi um marco importante para a música moçambicana, principalmente por conta da independência do país em 1975. Nesse período, a música passou a ser utilizada como ferramenta de afirmação da identidade cultural e de resistência ao colonialismo. Nomes como José Mucavele e Hortêncio Langa se destacaram, com canções que abordavam temas políticos e sociais. Em razão de que, nesse período, as músicas desses cantores encontrem-se em línguas autóctones, a seguir, estão alguns vídeos mais recentes nos quais se pode escutar ambos os cantores em língua portuguesa.

José Mucavele | Entrevista na TV Moçambique

Hortêncio Langa | Menina Bonita

Hortêncio Langa | Existência

Décadas de 1980 e 1990: diversidade musical e consolidação no cenário internacional 

A partir da década de 1980, a música moçambicana ganhou ainda mais diversidade, incorporando elementos do reggae, do hip-hop e da música pop. Nesse contexto, surgiram artistas como Gito Baloi, que se destacou no cenário internacional como vocalista e baixista da banda sul-africana Tananas, e Stewart Sukuma, um dos maiores nomes da música popular moçambicana. 

Gito Baloi | Tocamos Todos os Dias

Stewart Sukuma | Moçambique

Stewart Sukuma | Teia

Nos anos 90, a cantora Mariza, nascida em Moçambique e radicada em Portugal, conquistou o mundo com sua voz e sua interpretação única do fado, levando a música moçambicana a um patamar ainda mais elevado de reconhecimento internacional. 

Século XXI: inovação e renovação 

No século XXI, a música moçambicana continua a se reinventar, com artistas que mesclam estilos e tradições de forma criativa e inovadora. Nomes como Dama do Bling, uma das primeiras rappers femininas de Moçambique, e Dino Miranda, cantor e compositor que mistura elementos da marrabenta, jazz e música afro-pop, são exemplos dessa nova geração de artistas. 

Dama do Bling | O outro lado da lei

Dama do Bling | Longa Espera

Dino Miranda | Moçambique

Outros músicos moçambicanos notáveis incluem Lizha James, conhecida por sua versatilidade e por combinar estilos como kizomba, afro-house e marrabenta; Neyma, que alcançou sucesso com sua mistura de marrabenta e afro-pop; e a banda Gran’Mah, que explora a fusão do reggae, rock e música tradicional moçambicana. 

Lizha James | Filho Pródigo

Neyma | Como Anima A Marrabenta

Etrevista com Regina | Vocalista de Gran’Mah

Além disso, a música moçambicana contemporânea também está marcada pela crescente presença de artistas da diáspora. Alguns exemplos incluem Selma Uamusse (Portugal), Samito Matsinhe (Canadá), Boy Teddy (Portugal), Gasso (Portugal), M Kapa (Rússia), Juvencio Luyiz (Portugal), Albino Mbie (EUA), Nuno Abdul (Portugal) e Twenty Fingers (Portugal). 

Selma Uamusse | Hino da Essi

Samito | Sim Bombei

Boy Teddy | Dona Da Minha Vida

Gasso | O Jeito Dela

MKappa | Esperança

Juvencio Luyiz | Amor de Hoje

Albino Mbie | No programa “Juntos á Tarde” – TV Moçambique

Nuno Abdul | Minha Mulher

Twenty Fingers | Sorria Para Mim

O panorama atual da música moçambicana é, portanto, marcado por uma rica diversidade e uma constante busca pela inovação e renovação. Artistas e compositores continuam a explorar novas sonoridades e a mesclar estilos, reafirmando a identidade cultural do país e levando a música moçambicana a alcançar novos públicos no cenário internacional. Assim, ao longo das últimas décadas, a música moçambicana em língua portuguesa vem construindo uma história de sucesso, consagrando-se como uma das mais ricas e representativas expressões da cultura lusófona.