A música portuguesa tem uma história rica e diversificada, que remonta aos primórdios da formação de Portugal como nação e evolui até os dias de hoje, abrangendo uma ampla gama de estilos e gêneros. Nesta seção, exploraremos o desenvolvimento histórico da música portuguesa, desde suas origens até a atualidade, destacando autores e obras relevantes.
Idade Média e Renascimento (séculos XII a XVI)
Nos primórdios da música portuguesa, encontramos as cantigas trovadorescas, que datam do século XII ao século XIV. Os trovadores eram poetas e músicos que compunham e interpretavam canções líricas e satíricas. Entre as principais obras, destacam-se as Cantigas de Santa Maria, uma coleção de 420 poemas com notação musical escritos em língua galego-portuguesa medieval durante o reinado de Afonso X de Castela, O Sábio (1221-1284), e as Cantigas de Amigo, de autoria de trovadores como Martim Codax e Dom Diniz I (1261-1325), o sexto rei de Portugal.
Durante o Renascimento, a música sacra polifônica teve um papel importante, principalmente nas cortes e igrejas. Compositores como Duarte Lobo, Manuel Cardoso e Filipe de Magalhães destacaram-se neste período, contribuindo com obras como o “Requiem” de Cardoso, “Commisa Mea Pavesco” de Magalhães e “Audivi Vocem” de Lobo.
Duarte Lobo | Audivi vocem
Manuel Cardoso | Requiem
Filipe de Magalhães | Commissa Mea Pavesco
Barroco e Classicismo (séculos XVII e XVIII)
No período barroco, a música portuguesa foi influenciada pelos estilos e técnicas da Itália e França. A ópera e o oratório tornaram-se gêneros populares, e compositores como Carlos Seixas, António Teixeira e António de Almeida foram fundamentais para o desenvolvimento desses estilos em Portugal. Obras notáveis incluem a ópera “La Spinalba” de Almeida, ” e o “Sonata em Sol Maior” de Seixas.
Carlos Seixas | Sonata em Sol Menor
Francisco António de Almeida | La Spinalba -“Os Músicos do Tejo”
António Teixeira | Guerras de Alecrim e Manjerona – “Catarina Molder e Luis Rodrigues”
Romantismo e Nacionalismo (séculos XIX e XX)
No século XIX, o romantismo influenciou a música portuguesa, especialmente a ópera. Compositores como João Domingos Bomtempo e Francisco de Sá Noronha desenvolveram a ópera nacional, com obras como ” Allegro de Concerto ” e “Alta noite! Tudo dorme” de Noronha e “Requiem” de Bomtempo.
Francisco Sá Noronha | Allegro de Concerto para violino e orquestra
João Domingos Bomtempo | Requiem in C-minor, Op.23
Francisco de Sá Noronha | Alta noite! Tudo dorme – intérprete Joaquim Norberto de Souza e Silva
O nacionalismo musical português ganhou força no século XX com compositores como Luís de Freitas Branco e Fernando Lopes-Graça, que exploraram elementos da música tradicional portuguesa em suas obras. Destacam-se a “Suite Alentejana nº 1” de Freitas Branco e “O milho de nossa terra” e “Acordai” de Lopes-Graça.
Luís de Freitas Branco | 1ª Suite Alentejana – Orquestra Philarmónica de Lisboa
Fernando Lopes Graça | O milho da nossa terra
Fernando Lopes Graça | Acordai
Música Popular (séculos XX e XXI)
A música popular portuguesa, especialmente o fado, teve um papel fundamental na identidade cultural do país. Amália Rodrigues, a “Rainha do Fado”, é um dos principais nomes deste gênero, com canções como “Gaivota”, “Povo que Lavas no Rio” e “Estranha forma de vida”. Outros músicos populares incluem José Afonso, responsável por hinos como “Grândola, Vila Morena”, e Carlos Paredes, cujas composições para guitarra portuguesa, como “Verdes Anos” e “Canção de Alcipe”, são icônicas.
Amália Rodrigues | Gaivota
Amália Rodrigues | Povo que lavas no rio
Amália Rodrigues | Estranha forma de vida
José Afonso | Grândola, Vila Morena
Carlos Paredes | Verdes Anos
Carlos Paredes | Canção de Alcipe –
No final do século XX e início do século XXI, a música portuguesa abraçou uma ampla variedade de estilos e gêneros. Bandas e artistas como Xutos & Pontapés, Moonspell, Ornatos Violeta, Pluto, Da Weasel e Heróis do Mar deixaram sua marca na cena musical portuguesa, consolidando a diversidade do cenário musical.
Xutos & Pontapés | O Mundo ao Contrário
Moonspell | Todos Os Santos
Ornatos Violeta | Ouvi Dizer
Da Weasel | Tás na Boa
Pluto | Só Mais Um Começo
Heróis do Mar | Só no mar
Na atualidade, a música portuguesa continua a evoluir e a diversificar-se, abraçando uma ampla variedade de estilos e gêneros. A cena musical contemporânea é composta por artistas que exploram novos territórios, redefinindo e enriquecendo a tradição musical portuguesa.
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- Fado moderno e fusões
Artistas como Mariza, Ana Moura, Carminha, António Zambujo e Gisela João têm renovado o interesse pelo fado, levando-o ao cenário internacional e fundindo-o com outros gêneros musicais. Esses músicos têm sido bem-sucedidos em atualizar o fado e torná-lo acessível a uma audiência global, ao mesmo tempo que preservam a essência emocional e lírica do gênero.
Mariza | Quem Me Dera
Ana Moura – Andorinhas
Carminho | Escrevi Teu Nome No Vento
António Zambujo | Pica Do 7
Gisela João | Canção Ao Coração
António Zambujo | Flagrante
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- Pop e rock
O pop e o rock continuam sendo populares em Portugal, com bandas e artistas como The Gift, Capitão Fausto, Salvador Sobral, Diogo Piçarra, David Carreira e Aurea, conquistando fãs não só em território nacional, mas também além fronteiras. Esses músicos trazem influências de estilos internacionais e, ao mesmo tempo, incorporam elementos da música portuguesa, criando um som distintivo.
The Gift | Fácil de Entender
Capitão Fausto | Morro na Praia
Salvador Sobral | Sangue do Meu Sangue
Diogo Piçarra | Saída De Emergência
David Carreira | Anda Comigo
Aurea | Frágil
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- Hip-hop e música urbana
O hip-hop e a música urbana têm crescido em popularidade em Portugal, com artistas como Slow J, Papillon, Valete, ProfJam, Nenny e Piruka destacando-se no cenário nacional. Esses músicos abordam temas sociais e políticos, além de questões pessoais, promovendo um diálogo sobre a realidade contemporânea portuguesa.
Slow J | Nada a Esconder
Papillon | Desperta
Valete | A Lenda
ProfJam – Saca Lá
Nenny | Mar Azul
Piruka | Impossíveis
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- Música eletrônica
A música eletrônica em Portugal tem sido marcada por artistas que exploram as raízes musicais do país e ritmos globais, criando um som único e inovador. Buraka Som Sistema, Branko, Rui da Silva e Moullinex são exemplos de artistas que mesclam elementos da música portuguesa com influências internacionais, alcançando sucesso além das fronteiras nacionais.
Moullinex | Flora
Branko | SRA (visualizer)
Rui Da Silva | Touch Me ft. Cassandra
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- World music e fusões
A world music e as fusões têm sido uma área de destaque na música portuguesa contemporânea, com artistas como Sara Tavares, Mayra Andrade, Dino D’Santiago e Cristina Branco explorando as conexões entre Portugal e outras culturas, como a música africana e brasileira. Essas fusões têm resultado em uma rica tapeçaria sonora que celebra a diversidade cultural.
Sara Tavares | Coisas Bonitas
Mayra Andrade | Afeto
Dino D’Santiago | Nova Lisboa
Em conclusão, a música portuguesa é marcada por uma rica diversidade de estilos, gêneros e artistas que reinterpretam a tradição e a levam a novos territórios. Essa evolução constante reflete o dinamismo da cultura portuguesa, que continua a reinventar-se e a dialogar com influências internacionais, enriquecendo o panorama musical global.